Solidariedade faz o sábado mais lindo



Nas atividades e entrega de cestas de alimentos, crianças, mulheres E homens preencheram a Ascap de alegrias. A violência ainda é um dos principais dramas dos que vivem no Sol Nascente

Criançada se diverte no pátio da Ascap
CARINHO, ALEGRIA, SORRISOS inocentes, olhares curiosos e peraltices brotaram como flores no pátio da Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua (Ascap), na manhã do sábado (18/11) ensolarada e plena de vida. Os pequeninos de famílias do Sol Nascente, das mais diversas idades, se divertiram o quanto quiseram. A recreação foi comandada pela professora Alessandra, auxiliada por representantes do Instituto de Desenvolvimento Social Sustentável de Ceilândia (Idesc). Era a abertura do encontro mensal com as famílias atendidas pela Ascap com cestas básicas.
No salão principal, uma equipe de futuros cabeleireiros dava a sua contribuição para as atividades da Ascap. A equipe foi levada pelo Idesc, vizinho à Ascap, que oferece cursos completos para quem quer ingressar no mercado de trabalho.  Rapazes e moças cortaram cabelos de crianças, jovens, mulheres e homens. As mulheres, sempre maioria nos encontros, receberam tratamento e carinho especiais da consultora de beleza da Mary Kay, Fabiana Araújo, que fez belas maquiagens — um momento ímpar para elevar a autoestima das participantes e beneficiárias das ações da Ascap.
Fabiana, da Mary Kay, embeleza as
participantes das atividades da Ascap
“Gosto de fazer essas ações. É uma forma de agradecimento pelo que a gente recebe”, disse Fabiana, que qualificou de “maravilhosa” a iniciativa da Ascap e se colocou à disposição para participar de outras iniciativas semelhantes. Mas ressalvou: “Preciso ser avisada com antecedência, pois tenho uma agenda uma de para cumprir”.
Fabiana foi convidada pela conselheira fiscal da Ascap, Sandra Rita Oliveira, que tem se dedicado, ao lado da conselheira Wania Pontes, à organização dos cadastros e acompanhamento das famílias que recebem, mensalmente, uma cesta básica de alimentos, hoje mais incrementada com frutas, legumes e verduras. A novidade resultou na iniciativa da presidente da instituição, Andrea Bequiman, de buscar parceiros no comércio local do Setor “O” de Ceilândia, onde fica a sede da Ascap.
O advogado Gleison fala sobre violência doméstica
e contra as crianças com as mães
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Enquanto a criançada seguia se divertindo com muitas brincadeiras, sob a tenda armada no pátio, com cadeiras bem alinhadas, o advogado Geison Bispo Ferreira aguardava a chegada dos adultos para iniciar a palestra sobre violência infantil e doméstica. Ele é integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB, seccional do Distrito Federal). Tem se dedicado às causas humanitárias. Enfrenta, com a sabedoria adquirida na prática da advocacia, as injustiças sociais e busca tornar viva cada letra dos direitos dos cidadãos.
Geison, com fala mansa, pausada e sem rebuscamento deixou mais de uma dezena de mulheres à vontade para contar casos de agressões que elas testemunharam e pedir aconselhamento. O debate extrapolou a temática inicialmente prevista. Não faltaram histórias de abuso sexual de crianças pelo próprio pai, espancamento de mulheres pelos companheiros entre muitos episódios de agressões, bem como o descaso do poder público quando provocado para a tomada de providências.
“A violência está na cidade, no bairro onde a gente mora e em todos os lugares. Como contribuir para que isso cesse? Tem o Disque 100, pelo qual a gente pode informar o que está acontecendo”, recomendou Geison. O Disque 100, um serviço telefônico de recebimento, encaminhamento e monitoramento de denúncias de violação de direitos humanos, preserva o anonimato do denunciante.
Alguns palestrantes reclamaram que, ao ligar para o serviço, são feitas muitas perguntas, para as quais não têm resposta. Geison reconheceu que essa é uma dificuldade. No entanto, explicou que  os questionamentos são necessários, pois é muito elevado o número de trotes, o que atrapalha o trabalho daqueles empenhados em combater as diferentes violações dos direitos humanos. Mas ele insistiu que esse é um dos melhores caminhos para se conseguir quebrar um círculo de agressões, sobretudo quando não há interesse dos agentes de segurança em apurar e denunciar os infratores à Justiça.

COZINHA FRENÉTICA
As atividades estavam divididas entre o salão principal e o pátio. Na cozinha, um ritmo frenético dava o tom na produção do almoço e da sobremesa que foram servidos aos  convidados especiais e participantes do encontro. Sob a batuta da diretora de Organização, Marília Ferreira, a elaboração do cardápio contou com as mãos solidárias dos diretores Matheus (Financeiro), a presidente, Andrea Bequiman, das voluntárias Sumara Ganzi, Grazielly Marques e Daniela, e dos conselheiros Glaycon, Sandra, Wania e Vinícius..

​RODA DE CONVERSA
Valéria de Velasco, coordenadora do Convive, anota as queixas
e reivindicações dos moradores do Setor Sol Nascente
A falta de infraestrutura favorece o avanço da violência, da criminalidade, do consumo e o tráfico de drogas e representam dificuldades permanentes para os moradores do Setor Habitacional Sol Nascente de Ceilândia. Nesse sábado (18/11), na segunda Roda de Conversa, em parceria com o Comitê Nacional de Vítimas de Violência (Convive), os representantes (a maioria mulheres) trouxeram à tona a dramática insegurança do cotidiano onde residem. Sem policiamento ostensivo, a maioria dos moradores se sente refém dos criminosos.
As dificuldades se agravam a cada momento. Uma das moradoras da Quadra 209 do Sol Nascente mais uma vez reclamou da falta de iluminação à noite. Segundo ela, as lâmpadas de energia solar foram furtadas. A rua está um breu e os moradores com mais medo de sofrerem uma ação dos criminosos.
Sair à rua é colocar a vida em risco. É dar oportunidade ao azar. As reivindicações ao poder público para que providências sejam tomadas é um diálogo com surdos.  Na realidade, é mais um problema para as famílias que  enfrentam grandes dificuldades na luta cotidiana pela sobrevivência
O bate-papo durou pouco mais de uma hora. Ficou acertado que Ascap e Convive vão construir um documento com as principais queixas e reivindicações dos moradores do Sol Nascente. A proposta será levada para o próximo encontro, marcado para 16 de dezembro, para ser submetida à apreciação de todos e, se aprovado, encaminhado aos órgãos competentes de governo para que sejam tomadas as providências necessárias.
Encerradas as atividades e palestras, todos degustaram uma deliciosa galinhada e salada de fruta, como sobremesa, servidas pela equipe da cozinha. Em seguida, foram entregues cestas de alimentos. As famílias também receberam uma cesta de frutas, legumes e verduras, resultado de doações do comércio local.
PARTICIPANTES:
Diretores da Ascap: Andrea Bequiman (presidente), Marília Ferreira (diretora de Organização), Matheus Mendes (diretor Financeiro), Rosane Garcia (secretária). Conselheiros: Wania Pontes, Sandra Rita Oliveira, Glaycon Scofield Furletti, Vinícius Henrique Ferreira da Silva
Voluntários: Alessandra Carvalho, Débora  Câmara Alves, Ethianne Moura Marques, Daniela Falcão, Juacimara, Sr. Oscar, Sumara Canzi da Silva, Grazielly Tavares Marques​

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre incorporação na umbanda e transe de orixá

Salmo 23 na versão da Umbanda

O fundamento da casinha de Exu